Blockchain and Local Economies: Rethinking Scale for Regenerative Impact
Nuno Mamede Santos, 11/2024
[Versão Portuguesa abaixo]
Lately, we hear a lot about blockchain as a game-changer for the global financial system. Most of the excitement centers on universal cryptocurrencies like Bitcoin, promising to reshape how we handle money worldwide. But there’s something essential missing in that conversation—scale. When it comes to blockchain, scale makes all the difference, especially in how it impacts communities, economies, and the environment.
The Dilemma of Scale: From Global Solutions to Local Needs
Blockchain (or similar technology) brings huge potential for a different kind of economy, one rooted in local value. But do we really need a single global currency to accomplish that? A cryptocurrency like Bitcoin sits outside any specific context, claiming to be a one-size-fits-all solution. But that misses the real power of this kind of technology, which lies in supporting deeply local economic networks—networks that strengthen and sustain communities on their own terms.
Think about a community, maybe a region or a watershed, that has a clear plan for water, ecosystems, and human activities. This isn’t just about money changing hands; it’s about reflecting the region’s true value, right down to its forests, soils, and carbon capture—its “commons.” Imagine a local exchange and trade system (LETS) supported by blockchain, where the whole region’s value is embedded in that network. It’s a system that could factor in every resource, every transaction, every service, giving us a “market cap” that actually evolves with the health of the land and people.
And here’s the thing: a system like this has to belong to the people living in that watershed. It’s theirs—the individuals, companies, cooperatives, public institutions, and everyone else who calls it home. This can’t be just another cryptocurrency thrown into global trading platforms for speculation. No pump and dump here. To keep it stable and grounded, only a small percentage of the tokens—maybe 5, 10, or 15 percent—could be sold to outsiders at the beginning to fund the initial stages. The rest would be released gradually over years, maybe even decades, as the community’s development unfolds.
Gradual Token Release: Building Value Over Time
This approach also calls for a slow release of tokens as the plan develops, over 20, 50, even 200 years if needed, depending on the energy, resources, political will, and community drive. By releasing tokens gradually, we give the currency time to grow naturally alongside real, measurable improvements in the region. As the watershed invests in reforestation, cleans up river margins, and restores ecosystems, that value feeds back into the economy, creating a positive loop between ecological health and economic resilience.
With this model, the tokens gain value as the landscape improves, rewarding communities for their commitment to stewardship. Over time, the region’s currency doesn’t just represent a medium of exchange but reflects the collective effort put into caring for its land and people.
Decentralized Technology for Community Prosperity
Blockchain (or something like it) is ideal for this, providing a transparent, secure ledger that’s rooted in the community. It’s a model where the currency reflects the true value of local goods, services, and the environment itself. This way, every transaction strengthens the economy right there in the community, creating a healthier cycle of local wealth that doesn’t flow out but stays and grows with the region.
The beauty of decentralized tech is that it can powerfully support local prosperity without depending on unstable global markets. It aligns with a regenerative approach, fueling growth that respects both social bonds and the land.
A Regenerative Future Rooted in Community
At the heart of this idea is understanding scale, and recognizing that different scales bring different dynamics, each with its own impact. There isn’t a single “good” or “bad” solution—just solutions that are better suited to some scales than others. When an economic or ecological model stays within human scale, like a watershed, it remains visible and accessible. People have a direct relationship with it, and it remains real and relevant to their daily lives.
As projects get larger—like enormous wind farms, solar parks covering thousands of acres, or dams built on a massive scale—the nature of the project shifts. They begin to move beyond the reach of individual or community involvement, often landing in the hands of large corporations. At that scale, the dynamic changes. The resource or service becomes abstract, out of reach, and local people lose the agency to shape it. This is where communities can become disconnected from the systems that impact their lives, and power is transferred from the many to the few.
In the end, scaling responsibly is about finding that balance where the community can remain engaged, empowered, and connected to the things that matter. By keeping economic and ecological projects within a manageable, human scale, we keep control in the hands of those who are affected by them, allowing communities to thrive on their own terms. This isn’t just about technology—it’s about honoring the strengths and needs of each place, every watershed, every community, and ensuring that people remain the heart of every system.
Blockchain e Economias Locais: Repensar a Escala para um Impacto Regenerativo
Nuno Mamede Santos, 11/2024
[Versão em Português]
Ultimamente, ouvimos muito sobre o blockchain como uma mudança radical para o sistema financeiro global. A maior parte do entusiasmo centra-se em criptomoedas universais, como o Bitcoin, prometendo redefinir a forma como lidamos com o dinheiro a nível mundial. Mas há algo essencial que falta nessa conversa—escala. Quando se trata de blockchain, a escala faz toda a diferença, especialmente em como impacta as comunidades, as economias e o ambiente.
O Dilema da Escala: Das Soluções Globais às Necessidades Locais
O blockchain (ou tecnologia semelhante) traz um enorme potencial para um tipo diferente de economia, uma economia enraizada no valor local. Mas será que precisamos mesmo de uma moeda global única para alcançar isso? Uma criptomoeda como o Bitcoin está fora de qualquer contexto específico, apresentando-se como uma solução universal. Mas isso ignora o verdadeiro poder deste tipo de tecnologia, que reside em apoiar redes económicas profundamente locais—redes que fortalecem e sustentam as comunidades de acordo com os seus próprios termos.
Imagine uma comunidade, talvez uma região ou uma bacia hidrográfica, que tem um plano claro para a gestão da água, dos ecossistemas e das atividades humanas. Não se trata apenas de transações financeiras; trata-se de refletir o verdadeiro valor da região, incluindo as suas florestas, solos e captura de carbono—os seus “bens comuns”. Imagine um sistema local de troca e comércio (LETS) suportado por blockchain, onde o valor da região está totalmente integrado nessa rede. É um sistema que pode contabilizar todos os recursos, todas as transações, todos os serviços, oferecendo-nos um “valor de mercado” que realmente evolui com a saúde da terra e das pessoas.
E aqui está o ponto essencial: um sistema como este tem de pertencer às pessoas que vivem nessa bacia hidrográfica. É delas—dos indivíduos, empresas, cooperativas, instituições públicas e de todos os que ali vivem. Isto não pode ser mais uma criptomoeda lançada em plataformas globais de especulação. Sem espaço para manipulações de compra e venda descontroladas aqui. Para manter o sistema estável e enraizado, apenas uma pequena percentagem dos tokens—talvez 5, 10 ou 15 por cento—poderia ser vendida a investidores externos no início, para financiar as fases iniciais. O restante seria libertado gradualmente ao longo dos anos, ou até décadas, à medida que o desenvolvimento da comunidade se desdobra.
Libertação Gradual de Tokens: Construir Valor ao Longo do Tempo
Esta abordagem também implica uma libertação lenta dos tokens à medida que o plano se desenvolve, ao longo de 20, 50 ou até 200 anos, conforme necessário, dependendo da energia, recursos, vontade política e envolvimento da comunidade. Ao libertar os tokens gradualmente, damos tempo para que a moeda cresça naturalmente, acompanhando melhorias reais e mensuráveis na região. À medida que a bacia hidrográfica investe em reflorestação, limpeza das margens dos rios e restauração dos ecossistemas, esse valor reverte para a economia, criando um ciclo positivo entre a saúde ecológica e a resiliência económica.
Com este modelo, os tokens ganham valor à medida que a paisagem melhora, recompensando as comunidades pelo seu compromisso com a preservação. Com o tempo, a moeda da região não representa apenas um meio de troca, mas reflete o esforço coletivo investido no cuidado da terra e das pessoas.
Tecnologia Descentralizada para a Prosperidade da Comunidade
O blockchain (ou algo semelhante) é ideal para isto, proporcionando um registo transparente e seguro, enraizado na comunidade. É um modelo onde a moeda reflete o verdadeiro valor dos bens, serviços e do ambiente local. Desta forma, cada transação fortalece a economia da comunidade, criando um ciclo mais saudável de riqueza local, que não flui para fora mas permanece e cresce com a região.
A beleza da tecnologia descentralizada é que pode apoiar fortemente a prosperidade local sem depender de mercados globais instáveis. Alinha-se com uma abordagem regenerativa, alimentando um crescimento que respeita tanto os laços sociais como o território.
Um Futuro Regenerativo Enraizado na Comunidade
No centro desta ideia está a compreensão da escala e o reconhecimento de que diferentes escalas trazem dinâmicas diferentes, cada uma com o seu próprio impacto. Não existe uma única “boa” ou “má” solução—apenas soluções que são mais adequadas a umas escalas do que a outras. Quando um modelo económico ou ecológico se mantém numa escala humana, como uma bacia hidrográfica, ele permanece visível e acessível. As pessoas têm uma relação direta com ele, e ele continua a ser real e relevante para as suas vidas diárias.
À medida que os projetos crescem—como enormes parques eólicos, parques solares cobrindo milhares de hectares ou barragens construídas em grande escala—a natureza do projeto muda. Começam a afastar-se do envolvimento individual ou comunitário, ficando muitas vezes nas mãos de grandes corporações. Nessa escala, a dinâmica altera-se. O recurso ou serviço torna-se abstrato, distante, e as pessoas locais perdem a capacidade de o moldar. É aqui que as comunidades podem perder a ligação aos sistemas que impactam as suas vidas, e o poder é transferido dos muitos para os poucos.
No final, dimensionar de forma responsável significa encontrar o equilíbrio onde a comunidade pode permanecer envolvida, empoderada e conectada com o que é importante. Ao manter os projetos económicos e ecológicos numa escala humana e gerível, mantemos o controlo nas mãos daqueles que são diretamente impactados por eles, permitindo que as comunidades prosperem nos seus próprios termos. Isto não é apenas sobre tecnologia—é sobre honrar as forças e necessidades de cada lugar, cada bacia hidrográfica, cada comunidade, e garantir que as pessoas permaneçam no coração de cada sistema.